Roberto Campos Neto deu as declarações durante ‘sabatina’ na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Para assumir Presidência do BC, ele tem de ser aprovado pela comissão e pelo plenário do Senado. O economista Roberto Campos Neto, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar o Banco Central, defendeu nesta terça-feira (26), durante “sabatina” na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, a autonomia da instituição e a redução do tamanho do Estado brasileiro.
O indicado é neto do economista Roberto Campos, expoente do pensamento liberal e defensor do Estado minimalista no país, tendo ocupado, entre outros cargos, o Ministério do Planejamento e Coordenação Econômica no governo Castelo Branco.
Alinhado com o pensamento de seu avô, Roberto Campos Neto afirmou, em seu discurso inicial, que o Estado brasileiro se tornou “grande demais, ineficiente, excessivamente custoso e não atende a muitas das necessidades básicas de nossa população”.
“A nação já percebe a necessidade de reformas e precisamos empregar essa oportunidade na criação de uma cultura em que haja mais empreendedores e menos atravessadores”, afirmou ele. Acrescentou, ainda, que o governo está trabalhando para implementar uma agenda “liberalizante”.
“É hora de fazer mais com menos recursos. É necessário eficiência, transparência, prestação de contas e mensuração de impacto quanto ao uso de recursos públicos. E, talvez mais importante que isso, é necessário que o Estado abra espaço para a atividade privada, saindo de cena, ou reduzindo drasticamente sua atuação, em diversas áreas”, declarou.
Autonomia do Banco Central
O indicado para comandar o BC também falou em favor da autonomia da instituição, tema que também é defendido pelo atual presidente da instituição, Ilan Goldfajn. O tema também consta na agenda dos 100 primeiros dias do governo Bolsonaro.
Campos Neto afirmou que o objetivo da autonomia é “aprimorar o arranjo institucional de política monetária [definição dos juros para atingir as metas de inflação], para que ela dependa menos de pessoas e mais de regras, e para que estejamos alinhados à moderna literatura sobre o tema e aos melhores pares internacionais”.
Ele lembrou que existem projetos em discussão no Congresso Nacional sobre o assunto, e disse acreditar que o país esteja “maduro para mais esse avanço”.
“A mudança, se aprovada por esse Parlamento, trará ganhos para a credibilidade da instituição e para a potência da política monetária, reduzindo o tradeoff de curto prazo entre inflação e atividade econômica e contribuindo para a queda das taxas de juros e o crescimento econômico”, avaliou.
Reforma da Previdência
Roberto Campos Neto também defendeu a realização da reforma da Previdência – cuja proposta foi entregue ao Legislativo na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Quanto à questão fiscal [relativa às contas públicas], o país precisa avançar na estratégia dos ajustes e reformas, em particular, mas não apenas, na reforma da previdência, para que possa colocar o balanço do setor público em trajetória sustentável”, afirmou.
De acordo com ele, é preciso “agregar a sociedade” em torno dessas questões, com a participação de todos. “A estabilidade fiscal [contas públicas em ordem] é fundamental para a redução das incertezas, o aumento da confiança e do investimento, e o consequente crescimento da economia no longo prazo”, acrescentou.
Sistema financeiro e inclusão financeira
Caso tenha seu nome aprovado para chefiar o Banco Central, o economista afirmou que trabalhará pela modernização do sistema financeiro para que ele continue “líquido, capitalizado e bem provisionado”.
“O mundo passa atualmente por uma onda de inovação e mudanças. É crucial pensar hoje em como será o sistema financeiro no futuro e preparar o Banco Central do Brasil para desempenhar apropriadamente suas funções nesse novo ambiente, que será certamente baseado em tecnologia e no fluxo rápido de informação”, declarou.
Em sua visão, novas tecnologias como “blockchain”, o uso de inteligência artificial, identidade digital, pagamentos instantâneos, “open banking”, entre outras inovações, estão alterando os modelos de negócios e os serviços financeiros.